COMPORTAMENTOS ESTRANHOS, ou talvez não...

A Adriana hoje esteve muito estranha. Desde manhã que não pode ficar um segundo sozinha. Se tal coisa acontece é vê-la chorar desalmadamente, como se estivesse a ser sujeita à maior das torturas. As lágrimas escorrem-lhe cara a baixo, ela soluça e chega a engasgar-se. Há pouco, depois do jantar, chegámos a pensar que vinha tudo para fora.

Quando cheguei a casa, já os meus dois amores cá estavam. O Bombonzinho tinha acabado de tomar banho e o Papi contou-me da birra que ela tinha feito, enquanto ele preparava a casa-de-banho. Ainda assim, eu não fazia ideia da dimensão da coisa. Pouco tempo depois, acabei por perceber aquilo de que se falava. O facto de um de nós desaparecer do campo de visão dela, era suficiente para que ela desatasse a chorar, só se calando quando lhe pegávamos ao colo.

O que é que se terá passado?

Hipótese 1: habituou-se ao colo e passa todo o tempo acompanhada durante o dia (pela avó e pela bisa), o que faz com que se ressinta quando, à noite, não está sempre alguém por perto;

Hipótese 2: está a sofrer de alguma mazelazita, tipo dentes, o que faz com que esteja mais carente e a precisar de colo;

Hipótese 3 (e a mais viável): está a ressentir-se da nossa ausência durante o fim-de-semana.

Eu e o Rui tinhamos combinado com os nossos compadres irmos passar o fim-de-semana a uma estância de ski, como preparação para a semana da Páscoa. Isso acabou por não se proporcionar por não haver neve, mas acabámos por aproveitar para relaxar, com direito a massagens e tudo. Tinhamos conversado (eu e o Rui) e decidido não levar a Adriana. Primeiro porque não poderíamos fazer o que combinámos, segundo porque aproveitávamos para descansar e terceiro porque ambos somos de opinião (que é contrária à da maioria das pessoas) de que as crianças se devem habituar a estar com outras pessoas para além dos pais, para que os pais possam ter tempo para eles próprios, sem as preocupações inerentes a uma criança pequena (algum egoísmo da minha parte, talvez...).

Se até agora, as coisas sempre correram bem, desta vez temos de pensar um pouco sobre a situação. Fartámo-nos de ligar para saber como ela estava e a avó dizia que estava tudo bem, como de costume. Ontem, quando regressámos, recebeu-nos com sorrisos. Mas a verdade, é que hoje parece ter receio que nos vamos embora outra vez.

Acredito que as coisas voltem ao normal, porque hoje quando a deitei, não chorou, mesmo tendo percebido que a deixei sozinha. No entanto, o meu coração fica pequenino só de pensar que ela tem medo que a deixemos só.