Continuando numa de recuperar alguns momentos do passado, mas sempre relacionados com a Borboleta, vou agora contar como correu o tão esperado dia 21 de Março.
Por volta das 8 da manhã, chegámos ao Hospital e fizemos o check-in, tal como numa normal chegada a um hotel. Estava tudo pacífico e ainda não havia sinal de que a Adriana quisesse nascer. Como estava quase a completar 41 semanas de gestação, a médica achou que se deveria induzir o parto. Assim foi. Por volta das 8.30 já estava no quarto onde passaria as horas seguintes até ir para o bloco de partos. Estávamos sozinhos, eu e o pai, por escolha nossa. Achámos que não valia a pena haver mais alguém, uma vez que podiamos passar o dia inteiro sem que nada acontecesse. A verdade, é que mais tarde me arrependi de não haver um ombro amigo por perto.
Bom, adiante. Algum tempo depois, surge a médica que me administra a primeira dose de oxitocina, de forma a que se iniciasse o trabalho de parto. Ainda não deviam ser 9 horas. Por volta da uma da tarde ainda nada tinha acontecido e as contracções eram fraquinhas (nem sequer sabia que de contracções se tratava). E lá vai uma segunda dose. A partir daí comecei a sentir-me desconfortável, com um mau-estar no corpo que percebi serem as (mal)ditas contracções. Ainda assim, perto da uma e meia da tarde, decidimos que era altura do papá ir almoçar para poder estar com as energias renovadas, quando fosse necessário dar "aquele" apoio.
A partir daqui tudo correu de uma maneira que nunca tinhamos imaginado.
Pouco depois do Rui sair, entra uma enfermeira para retirar a folha com o gráfico do CTG (que controlava os batimentos cardíacos do bebé e as contracções). Saiu e voltou logo de seguida com a seguinte novidade: "Temos de ir para o bloco de partos. A Drª viu o CTG e achou melhor acelerar o processo com uma cesariana."
Por instantes, pensei que aquela conversa não podia ser para mim, que tinha tido uma gravidez super saudável, sem condicionantes e que, ainda por cima, não tinha o maridão por perto. Fiquei super nervosa e com uma vontade incontrolável de chorar. Perguntei se era muito grave e explicaram-me que a bebé estava em sofrimento, mas para não me preocupar. E eu pensava: "Há qualquer coisa de incoerente neste discurso."
Reconheço que fizeram de tudo para me acalmar e ainda me deixaram ligar ao Rui para o avisar que ia sair do quarto. Só não deram tempo para que pudesse esperar por ele. Nem eu pedi...
E lá vou eu, completamente descontrolada, a caminho do bloco de partos. Foi tudo super rápido: a anestesia, o corte, a saída dela, os pontos, tê-la perto do meu rosto e a ida para a sala de recobro, onde finalmente a segurei nos braços... Mas lembro-me perfeitamente do esforço que fiz para não chorar ao pé daquela gente, que estava a dar o seu melhor, mas que ainda assim, não era o apoio que eu precisava. Estava de tal forma alterada, que a anestesista ficou o tempo todo a segurar-me a mão e a falar comigo. Foi impecável!
Assim que retiraram a Adriana de dentro de mim mostraram-ma logo. Ela chorava. Levaram-na para a limpar e vestir e ainda eu estava a ser cozida quando a vi pela segunda vez, já vestida, de olhos bem abertos e calada. Aproximaram-na de mim para lhe dar um beijo e eu voltei a chorar. Nunca vou esquecer aquele momento!
Entretanto, o pai estava atarantado e angustiado. Daí eu ter dito que me arrependi de não ter mais ninguém por perto. Com toda a preocupação com a Borboleta, ainda estava preocupada com a reacção do Rui, com as coisas que lhe estariam a passar pela cabeça, com o descontrolo que poderia estar a dominá-lo. Nessa altura teria sido importante um ombro para descansar ou para desabafar.
Enfim, o aperto acabou e pudemos estar os três juntos.
A Adriana nasceu no dia 21 de Março, de 2006, às 14.50h, com 2600gr e 47,5cm.
sexta-feira, julho 28, 2006
O Dia D
10 Comments:
Pois e', isto nao e' facil... Neste momento encontro-me muito longe da minha borboletinha e do meu amor... Estive a ler os primeiros posts e nao consegui conter as lagrimas (coisas estranhas que passaram a acontecer depois da pequena borboleta ter nascido). Lagrimas de tristeza, por estar longe. Lagrimas de alegria, por saber que ela existe!
Lagrimas de amor, por um pequeno ser que mudou o meu estatuto: adicionei ao titulo de filho, o de pai.
Ainda nesta semana, em que estive fora de casa, o meu colega de quarto disse-me que chamei pela Drika durante a noite... Esta coisa linda nao me sai da cabeca, nem a dormir...
Tem a sua personalidade forte, e ja' comeca a demonstrar alguma autoridade sobre os pais, mas penso que isso e' suposto ser assim, para que nos momentos que ela abre o sorriso, todos os problemas fiquem esquecidos.
Nao vou me alongar muito mais, pq nao consigo por aqui em palavras aquilo que o meu coracao sente, mas se tivesse mesmo que o fazer, devia ser algo do tipo:
Pequena borboleta, amo-te mais do que tudo na vida! Borboleta-mae, nao fiques com ciumes, pois sabes que sempre teras o teu espaco no meu coracao. Amo-te muito!!!
Beijos cheios de saudades, desde pai babado, Rui Santos
Ler esta descrição de como tudo se passou, emociona me... Não vejo a hora de ser eu a sentir emoções parecidas como as que o pai da borbeletinha sentiu... 3 pessoas k são felizes e k provam a este mundo cruel k é possivel ser se feliz e que a felicidade não é nenhuma utopia! Inveja, por mais que seja um mau sentimento, é o k eu sinto de vcs os 3... Tenho a certeza que a jovem borboleta vai ser uma menina muito feliz, e que com uns pais destes, tem a felicidade garantida!!!
Ps: Em modo de private joke... Podia se chamar Mariana Nah! lolol
Mts Parabens Storinha!!!! A Adriana é linda!!!
Lembro-me perfeitamente desse dia, ao fim de quase 23 anos, voltou a nascer um familiar chegadissimo, filha da mana melhor amiga e do cunhadinho, igualmente, amigão. Sempre achei ter uma ligação especial com a Bela e coincidência, ou não, neste dia a partir das 14:30 fiquei inquieto e bastante stressado, sentia que algo tava a acontecer. Não telefonei logo para o Rui para não incomodar, aguentei 30 minutos sem "melgar" ninguém (acho que bati record de paciência) mas, inevitávelmente, tive de ligar ao Rui, ele tinha o telefone ocupado, estava a dar a BOA noticia à Avó da Adriana, minha mãe, a quem liguei logo de seguida e me deu a novidade mal soube que era eu que lhe ligava. Fiquei contentissimo, finalmente os meses de ansiedade, para ver a Adriana, tinham acabado. Podia, finalmente, vê-la sem ser a preto e branco, no modo ecografia.
Infelizmente, por motivos profissionais, não consegui vê-la no dia do seu nascimento, no dia seguinte, sem contar com o pai da Adriana, fui o primeiro a chegar ao hospital, não a vi logo, pelos motivos já explicados pela Bela. Quando chegou a hora da "papinha", fui com a Bela até ao berçario e com jeitinho lá deu para ver a Adriana, estava na incubadora (acho que é o nome do aparelho), de barriga para baixo e com as pernas abertas, acreditem, ou não, parecia mesmo um franguinho.
Felizmente hoje está tudo bem com a Adriana e só lhe desejo coisas boas e que daqui a 10, quando ela ler estas coisas, saiba que foi muito desejada, não só pelos pais, mas por toda a familia.
P.S.- Quando ela chorar menos comigo, quero-a emprestada para dar uns passeios no parque... As babes não vão ficar indiferentes :D
Saudinha :)
E aqui a prima também teve o 6º sentido apurado... pois a uma certa altura senti que devia saber o que se estava a passar e foi quando falei com o tio Tiago que ainda não sabia nada mas logo de seguida me disse que já tinha nascido.
E se foi emocionante ler a descrição da Bela desse dia, também foi emocionante o comentário do papá
beijocas aos 3
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Olá
Dentro do azar que é fazer uma cesariana de urgência tiveste sorte, deram-te uma anestesia raquidiana ou epidural (não especificas aqui no teu post). Eu não tive tempo para isso, foi anestesia geral devido à urgência de ele nascer. Foi muito traumático pelas razões que infelizmente tu conheces e pelo facto também de 1 ano antes estava no mesmo sitio a fazer uma curetagem devido a um aborto retido e com a mesma médica (a médica de serviço não era a minha obstetra uma vez que ela não estava de serviço em ambas as vezes, do parto tive mais sorte pois ela estava de serviço no bloco operatório e pelo menos eu penso que assistiu ao parto). Podes avaliar o medo que eu tive de perder o meu bebé...
Mas felizmente isso são tudo águas passadas apesar da mágoa de não ter visto o meu filho ao nascer nem ter ouvido o seu primeiro choro ainda esteja cá.
Um beijinho
Cristina
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